SUDESTE

História - A história da região Sudeste do Brasil tem início com a fundação da vila de São Vicente pelos jesuítas portugueses. A partir do século XVII, na região de São Paulo, iniciou-se o fenômeno das bandeiras, que eram expedições pelo interior do Brasil à procura de novas riquezas e de indígenas para serem escravizados. No final do século, os bandeirantes paulistas encontraram pedras preciosas na região de Minas Gerais, dando início ao ciclo do ouro.
Com a
mineração, as atenções da coroa portuguesa voltaram-se para a região Sudeste, tendo em vista que as plantações de cana-de-açúcar no Nordeste estavam em plena decadência. Ocorreu um grande movimento de pessoas para a região das Minas, e a capital da colônia foi transferida de Salvador para o Rio de Janeiro em 1763. No final do século XVIII a exploração do ouro entrou em decadência.
Ouro Preto, cidade histórica mineira do século XVIII
Em 1808, fugindo da invasão napoleônica, a Família Real Portuguesa instalou-se no Rio de Janeiro. A época foi marcada por diversas mudanças econômicas na região, com a abertura dos portos para as nações amigas no mesmo ano e a elevação do Brasil à Reino Unido de Portugal e Algarve em 1816. Com a Independência do Brasil em 1822, a região Sudeste tornou-se o centro financeiro do País. Apoiado pela elite rural do Sudeste, D. Pedro I tornou-se o primeiro Imperador do Brasil, abdicando o trono à favor de seu filho, D. Pedro II em 1830 que, após um conturbado período regencial, assumiu o trono em 1841.
A partir da década de 1840, as plantações de
café espalharam-se por toda a região, principalmente no Oeste Paulista, tornando-se a base da economia brasileira. Usou-se, inicialmente, do trabalho escravo mas, com a abolição da escravatura em 1888, a falta de mão-de-obra foi preenchida com a vinda de uma grande massa de imigrantes europeus, principalmente italianos. Em 1889 a Monarquia é derrubada e é proclamada a República, dando início à Política do Café-com-Leite, em que as oligarquias de São Paulo e Minas Gerais revesavam-se no poder.
Na
década de 1920, com a quebra da bolsa de Nova Iorque, o preço do café despencou no mercado internacional. O presidente Getúlio Vargas iniciou um processo de industrialização em São Paulo que, posteriormente, espalhou-se pelos outros estados do Sudeste.


Aspectos gerais - A região Sudeste do Brasil é uma das regiões definidas pelo IBGE, composta pelos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Esta região é por excelência uma terra de transição entre a região Nordeste e a região Sul. Para se fazer essa divisão foram usados critérios como semelhanças naturais, tais como relevo, clima, vegetação e solo, bem como afinidades socioculturais.


População - Região mais populosa e rica do Brasil, o Sudeste ocupa 10,85% do território brasileiro. Altamente urbanizada (90,5%),abriga as três metrópoles mais importantes do país, as cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, além de ser o maior colégio eleitoral do Brasil. A região Sudeste apresenta índices socias elevados: possui o segundo maior IDH do Brasil, 0,824, perdendo apenas para a região Sul, e o maior PIB per capita do país, R$ 15.468,00.


Aspectos Físicos - A região Sudeste é caracterizada fisicamente pela existência de montanhas antigas e arredondadas pela erosão, os chamados mares de morros, notados nos 4 estados. No pico destas montanhas, existem cortes inclinados mais altos, que geram formações como a serra da Mantiqueira, a serra do Mar e a serra do Espinhaço. O Sudeste possui a maior média de altitude do Brasil, tendo como ponto mais alto o Pico da Bandeira, 3° maior do Brasil com 2.892 metros, sendo localizado entre Minas Gerais e o Espírito Santo.


Clima - O clima dessa região é bastante diversificado no que diz respeito à temperatura, em função de três fatores principais: a posição latitudinal, a topografia acidentada e a influência dos sistemas de circulação perturbada. Corresponde a uma faixa de transição entre climas quentes das baixas latitudes e os climas mesotérmicos das latitudes médias, mas suas características mais fortes são de clima tropical. O norte de Minas Gerais possui clima semi-árido e faz parte do Polígono das Secas. Nas áreas mais elevadas do planalto atlântico, ocorre o clima tropical de altitude, que tem temperaturas mais baixas que as demais áreas.

Vegetação - A vegetação predominante é a Mata Atlântica, mas novamente há exceções como a Mata de Araucária no sul de São Paulo e nas regiões serranas, e a Caatinga no norte de Minas Gerais. O norte de Minas Gerais possui características do Nordeste, fazendo parte da bacia do Rio São Francisco e era território do estado de Pernambuco até o início do século XIX. O interior de São Paulo, notadamente a região entre os rios Tietê e o Paranapanema (região de Bauru, Marília, Itapeva, Presidente Prudente) é região de transição entre o Sudeste e o Sul, possuindo características destas duas regiões. Hoje em dia restam pequenos trechos da Mata Atlântica porque a maioria da mata foi substituída por áreas urbanas, pastagens e plantações. No litoral, nas partes mais alagadas encontramos os manguezais.


Hidrografia - Na hidrografia do Sudeste alguns rios merecem destaque.O rio São Francisco, rio de planalto, tem em seu curso a usina hidrelétrica de Três Marias, que, além de gerar energia para a região, através da construção de barragens, contribui para a regularização do trecho do rio onde está localizada.Outro rio importante do Sudeste é o rio Paraná, onde se localizam as mais importantes usinas hidrelétricas do país, como as de Jupiá e de Ilha Solteira, que constituem o Complexo Hidrelétrico de Urubupungá (5 300 000 kW).Um dos afluentes do Paraná, que atravessa quase todo o estado de São Paulo, é o rio Tietê. Esses dois rios formam a hidrovia Tietê-Paraná, a mais importante do Brasil, que já se encontra em funcionamento parcial.Por essa hidrovia, milhares de toneladas de soja produzidas anualmente em Goiás estão sendo transportadas de São Simão, cidade goiana, até Pederneiras, em São Paulo, numa extensão de 640 km pelos rios Parnaíba, Paraná e Tietê. Cada comboio com quatro chatas transporta carga equivalente à 135 caminhões, o que demonstra o baixo custo do transporte fluvial.Próximo a Barra Bonita, em São Paulo, essa hidrovia, com 400 km de extensão, recebe a denominação de hidrovia do Álcool, por onde trafegam embarcações transportando cana-de-açúcar, álcool, gado e fertilizantes. O rio Tietê, além de ser aproveitado como meio de transporte, é muito utilizado como fonte de energia, tendo em seu curso várias usinas hidrelétricas, como as de Barra Bonita, Bariri, Promissão e Nova Avanhandava.Atravessando terras de Minas Gerais e do Espírito Santo, encontra-se o rio Doce. parte de seu vale possui grande importância econômica, pois dele se extrai o minério de ferro, que é exportado para inúmeros países.Outros rios da região que merecem destaque são: o Paraíba do Sul, em São Paulo e no Rio de Janeiro; o Ribeira do Iguape, no sul do estado de São Paulo; e o rio Grande, entre São Paulo e Minas Gerais. Este último, com grande potencial hidrelétrico, comporta as usinas de Furnas, Itutinga e Marimbondo, entre outros.A principal fonte de energia do Sudeste é a hidreletricidade obtida das inúmeras usinas dos rios da região


Geoeconomia - Com a mineração e o cultivo do café, a região Sudeste foi se firmando como o centro da economia nacional.Posteriormente, a atividade industrial concretizou essa posição. As indústrias cresceram e concentraram-se no eixo Rio-São Paulo e na região de Belo Horizonte (MG).O crescimento industrial atingiu o setor agropecuário, que, através da mecanização do campo, se desenvolveu bastante, aumentando consideravelmente aprodutividade. Em conseqüência, introduziu-se a agricultura comercial, que visa ao comércio em grande escala, com obtenção de lucro máximo, e é controlada por empresas rurais. Esses, entre outros fatores, levaram ao aparecimento de um tipo de mão-de-obra que hoje predomina no campo: o trabalhador temporário.Os trabalhadores temporários, comumente chamados bóias-frias, não se fixam à terra. Trabalham onde e quando há emprego (geralmente na época das colheitas), e suas condições de vida são precárias, devido ao injusto salário que recebem.Esses trabalhadores rurais vivem na periferia das cidades e diariamente são transportados para a zona rural, onde trabalham: regressando no final do dia.Nos últimos anos no estado de São Paulo, em virtude de muitas lutas dos sindicatos dos trabalhadores rurais, foram obtidas algumas melhorias nas condições de trabalho dessas pessoas: transporte em ônibus, creches, registro em carteira obrigatório por lei.Entretanto, por causa do aumento nos custos de manutenção dos empregados, muitas empresas e grandes proprietários rurais passaram a investir na mecanização do processo produtivo. Algumas usinas de açúcar e álcool passaram a ter 75% da área de cana cortados por máquinas, com redução de 60% no número de empregados.


Indústria - Em decorrência da existência de ferrovias, capital, mão-de-obra, mercado consumidor, a atividade industrial estruturou-se na região Sudeste.Transformando as matérias-primas fornecidas pela agricultura, desenvolveram-se inicialmente as indústrias têxteis e as alimentícias, que atualmente se distribuem por várias áreas da região.Após a construção da primeira grande usina siderúrgica brasileira (Usina Siderúrgica Nacional), em 1946, situada em Volta Redonda, no Rio de Janeiro, foi possível o desenvolvimento, com maior intensidade, das indústrias de base (siderúrgica, mecânica etc.). A siderurgia brasileira alcançou notável desenvolvimento, principalmente no Sudeste, que concentra 17 das 22 usinas siderúrgicas existentes no país, colocando o Brasil entre os maiores produtores de aço bruto do mundo.A partir de 1957, com a entrada do capital externo (através de empréstimos e multinacionais) e a interferência do Estado na economia, um novo impulso foi dado à industrialização do Sudeste, propiciando condições para o desenvolvimento da indústria automobilística.Em seguida, outras indústrias começaram a se desenvolver, como a química, a eletrônica, a naval etc.Dessa forma, é no Sudeste que se encontra o maior parque industrial do Brasil e da América Latina, destacando-se o eixo Rio-São Paulo e a região da grande Belo Horizonte. A cidade de São Paulo, o ABCDM (Santo André, São Bernardo do Campos, São Caetano do Sul, Diadema e Mauá) e os centros próximos, como Campinas, São José dos Campos, Guarulhos, Osasco e Santos, apresentam uma superconcentração industrial.Entretanto, o processo de industrialização não atinge toda a região, ocasionando a existência de espaços geográficos bem diferenciados. Existem espaços urbano-industriais de grande porte, espaços rurais que utilizam modernas tecnologias (portanto, altamente produtivos) e espaços rurais subdesenvolvidos.Dois exemplos de áreas rurais pobres são o vale do rio Ribeiro do Iguape, no sul do estado de São Paulo, e, principalmente do vale do rio Jequitinhonha, no nordeste de Minas Gerais. Nos municípios do vale do Ribeira que possuem reservas ecológicas (áreas onde a vegetação não pode ser devastada, a população não pode aumentar as áreas para a agricultura e a pecuária, e, portanto, fica impedida de gerar mais renda.O vale do Jequitinhonha é conhecido como o “Vale da Miséria”, título dado pela ONU em 1974. É uma região formada por 55 municípios que, segundo sociólogos e técnicos agropecuários, teve a sua situação de pobreza acentuada com a implantação de áreas de reflorestamento para a produção de carvão vegetal, utilizado pelas usinas siderúrgicas da região Sudeste.As empresas de reflorestamento e as carvoarias empregam muitos trabalhadores do vale, pagando-lhes salários baixíssimos e submetendo-os a condições precárias de trabalho.Todos os anos, nas épocas de colheita de alguns produtos agrícolas em São Paulo (cana-de-açúcar, laranja), milhares de trabalhadores migram do vale do Jequitinhonha para esse estado.O Sudeste apresenta grandes desigualdades em relação às áreas (áreas pobres e áreas ricas) e também em relação à qualidade de vida das pessoas, pois algumas se beneficiaram com o crescimento econômico, enquanto a maioria, mesmo tendo contribuído para esse crescimento, não foi beneficiada. É o problema da repartição injusta das riquezas, que se agrava com a crescente exploração capitalista que caracteriza o mundo atual.


Ferrovias - Dos quase 30 mil km de ferrovias que o Brasil possui, mais da metade encontra-se na região Sudeste e pertence à RFFSA (Rede Ferroviária Federal S/A) ou a Fepasa (Ferrovias Paulistas S/A).


Setor portuário - Os portos mais antigos e movimentados do Brasil são o de Santos e o do Rio de Janeiro (primeiro e segundo colocados em valores de cargas exportadas no país, em 1992). O terceiro porto brasileiro em valores de cargas exportadas (1992) foi o de Vitória, no Espírito Santo.Outros portos que escoam parte da produção do Sudeste são: o porto de São Sebastião (São Paulo), que é também um terminal petrolífero; o de Angra dos Reis (Rio de Janeiro); e o de Tubarão (Espírito Santo), responsável pelo escoamento de boa parte do minério de ferro exportado pelo Brasil.


Transporte aéreo - São Paulo possui dois importantes aeroportos: o de Cumbica (internacional) e o de Congonhas (nacional, com função comercial).No Rio de Janeiro, há o Aeroporto internacional do Rio de Janeiro (Galeão) e o Santos Dumont (nacional, com função comercial).Em Minas, o principal aeroporto é o de Confins, em Belo Horizonte.

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